sábado, 26 de agosto de 2017

O fim da fraude eleitoral em África - Mario Cumandala


Florida - Os Angolanos tinham um sonho antes do dia 23, mas o pesadelo, ou o dilúvio não tardou em chegar. Tudo indica que não houve o triunfo da democracia em Angola. Analistas há que vaticinavam o dia 24 como o dia da celebração da festa da democracia no nosso país. Mas o conundrum das eleições , seja em Angola, ou mesmo no continente, tem vislumbrado nada de um amanhã glorioso.
Fonte: Club-k.net
Assim foi no Gabão em Agosto de 2016, onde as pessoas durante uma manifestação de associações Gabonesas, protestaram contra a reeleição do presidente Ali Bongo. Em seguida, o Gabão foi abalado pela violência após a reeleição contestada do presidente Filho do ditador Omar Bongo.

Como analista e observador político posso aqui dizer que a fraude eleitoral em África está se tornando cada vez mais difícil, graças à vigilância da sociedade civil e à disseminação da tecnológica móvel. Este foi o caso dos Partidos UNITA e CASA-CÊ. Já dizia o cantor que o celular é motivo de grandes problemas. A CNE e o MPLA estão a viver este problema.

No caso do Gabão, o líder da oposição, Jean Ping, declarou-se o legítimo presidente do Gabão e pediu uma recontagem, seguindo a reivindicação de vitória de Ali Bongo com uma margem raspada de pouco menos de 6.000 votos nas eleições de 27 de Agosto 2016.

O campo de Ping, disse logo que não aceitariam esse resultado. Momentos após o anúncio, protestos anti-governo entraram em erupção em partes de Libreville. Os protestos começaram deverão continuar, diziam os manifestantes. Jean Ping foi mesmo longe em instruir os seus apoiantes que não aceitem um voto que não seja favorável para ele , tudo que ele queria é que o povo saísse as ruas a defender seu voto, para defender sua escolha. Este será o cenário mais provável em Angola. Triste.

Um pouco de motivação , as recentes eleições na Nigéria, Costa do Marfim, Benin, Burkina Faso e Ghana, foram realizadas em grande parte sem disputa. Mas a semelhança de Angola, elas também foram supervisionadas por cidadãos envolvidos que asseguraram um monitoramento cuidadoso do processo nas urnas e nos centros de escrutínios. Desta forma ficou cada vez mais difícil os partidos no poder naqueles países a cometerem a fraude. Angola não pode ser excepção.

Conforme os Angolanos têm seguido, desde o dia 24 de Agosto, houve um esforço que agora está a tormentar os inimigos da democracia, que a fraude com os boletins de votação e as actas, já não é possível dentro do quadro legal dentro do qual foram organizadas estás eleições. Como resultado, o ano passado, países do oeste e do centro da África, como o Senegal, o Gana e a ilha de Cabo Verde, mostraram a África como uma democracia bem sucedida detém uma eleição.
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Para Angola, importa enfatizar que já temos uma sociedade civil forte e a combinação de meios de comunicação e cidadãos livres com acesso a novas tecnologias para disseminar informações. Isto foi extremamente importante, e é assim que nem a CNE , nem a Presidência, vão desta vez conseguir forçar seus resultados forjados ao povo angolano. Vamos com força, que será possível desmontar o império do mal que nos governa a 42 anos. Mas cuidado, o último ataque da víbora quando sabe que está para morrer, também pode ser mortal.

A revolta pacífica, mas activa contra a CNE e o governo, está consagrada na constituição. Qualquer membro da CNE e do Governo, que tentou manipular as actas sínteses destas eleições, deverá enfrentar a fúria do grande número de angolanos que já estão prontos a permanecer na sede da CNE e no Parlamento Angolano, a exigir que seu voto conte e que chegue para sempre o fim do regime e da ditadura.

Os últimos 15 anos de paz e pobreza, viram organizações como MAKANGOLA, Mãos Livres, e os 15+ 2 a demonstrarem tacitamente, que a derrota neste duelo entre David e Golias em Angola e em África ainda é possível. Há quem pense que o governo ainda tem muitas opções. Este poderá embarcar além da violência, ao desligamento da internet e redes sociais, proibição de assembleia de mais de 5 pessoas ou então declarar o estado de emergência e assim sonhar arrasar com a oposição. Mas isto acontecendo, será o fim do regime e do MPLA como partido nacionalista.

Para o vasto universo de eleitores em Angola, que não votaram no MPLA, posso aqui dizer e sem receio de errar, que a CNE e o MPLA têm cada vez menos capacidade de manipular o processo eleitoral do dia 23 de Agosto. A experiência de Ghana será nossa.

Florida 25 de Agosto, 2017

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