sábado, 23 de setembro de 2017

(INAE) ordenou o encerramento do único matadouro estatal em Manica

A Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE) ordenou o encerramento do único matadouro estatal em Manica, devido à “total imundice” e por suspeitas de abater gado doente e demasiado magro, o que se tornava um autêntico atentado à saúde pública, uma medida aplaudida pelos vizinhos da indústria, por se sentirem livres do cheiro nauseabundo, de sangue e excrementos de animais que escoriam para a via pública e invadiam quintais. Um edifício velho e sem nenhum sistema de abate funcional resistia às inúmeras denúncias da popula- ção, até em comício popular durante uma presidência aberta no recinto do antigo quartel Zagarto (bairro 16 de Junho), até que uma missão da INAE deu por fim, semana passada, à “lástima”, de onde saía a maior quantidade de carne disponibilizada no mercado em Manica. “Foi chocante”, descreveu Rita Freitas, inspectora-geral da INAE, sobre o estado em que funcionava o matadouro quando a missão se fez ao local, após denúncias e pedido de intervenção da equipa central. “Estava em péssimas condições e perigava a saúde pública”, lamentou Rita Freitas, acrescentando que os animais eram abatidos no chão, esburacado e lamacento (com excremento acumulado de animais mortos) e com recursos a facas, sujeitando-os a muito sofrimento até à morte. A rede de esgotos estava destruída e “o sangue e os excrementos dos animais mortos escorriam para a via pública”, provocando cheiro nauseabundo aos moradores vizinhos. Os frigoríficos obsoletos tinham sido transformados em vestuários dos funcionários e já não havia sanitários, aliás, para urinar recorriam ao curral. “Seria injusto e desumano” deixar o único matadouro do Estado continuar a funcionar, frisou a inspectora, sustentando que encontrou no local gado ferido, magro e com sinais de doença à espera de abate. O SAVANA apurou que o matadouro já não tinha uma estrutura fi- nanceira para continuar a funcionar, tanto que as actividades, largamente concorridas, não conseguiam suportar o pagamento de salários dos trabalhadores. O matadouro apresentava o preço mais baixo do mercado. O quilograma de carne abatido era cobrado a um metical. Para o matadouro vinham animais de outras províncias, sobretudo de Tete. “Recomendamos várias coisas para melhorar os serviços do matadouro”, precisou Rita Freitas, mas devido às condições obsoletas de quase toda a infra-estrutura, aconselha o Estado a construir um novo edifício, por a reabilitação ser bastante onerosa. Alívio Os moradores vizinhos do Matadouro aplaudiram a intervenção da INAE, considerando que o encerramento daquela indústria traz alívio com o fim do mau cheiro que invadia os seus quintais. “Até os próprios bois agradecem, porque era muito sofrimento. Passávamos por tanto sofrimento com o cheiro de podridão de sangue e excremento de animais, que provocava moscas e tirava-nos o sossego de desfrutar nossos quintais”, disse ao SAVANA, Berta Francisco, uma moradora local. Outra moradora contou que várias vezes denunciaram a situação, mas nunca ficou resolvida, sustentando que os trabalhadores do matadouro já não observavam questões básicas de higiene nos abates, o que prejudicava os consumidores da carne no local e os moradores vizinhos. “Até as pessoas que comiam aquela carne abatida aqui estão aliviadas. Nós moradores agora respiramos outros ares, muito longe de cheiros fortes, de peles em secagem, excremento e sangue a feder na rua e nos quintais vizinhos. Já dá vontade de ficar fora, no quintal”, disse Rebeca Ernesto, outra moradora do local. Mais de 200 encerramentos este ano   A INAE encerrou 217 estabelecimentos nos primeiros nove meses deste ano por graves “problemas de higiene e limpeza” em todo o país, sobretudo no ramo de hotelaria e restauração e comércio, por terem apresentado um quadro considerado “atentado extremo” à saúde pública. De Janeiro a 15 Setembro corrente, a INAE inspeccionou 13.589 estabelecimentos em todo o país, 1.850 das quais em Manica, tendo ordenado 217 encerramentos (12 das quais em Manica), a maioria por problemas de higiene, como arrumações que proliferavam ratos e baratas e outras por licenças indevidas, emitidas erradamente pelos municípios, quando a emissão é da competência do Balção Único de Atendimento (BAU). “Foram encerrados porque apresentavam condições inaceitáveis e perigavam a saúde pública”, precisou Rita Freitas, em conferência de imprensa, em Chimoio, no fim da missão inspectiva realizada de 12 a 16 de Setembro naquela província. Rita Freitas disse que, durante o trabalho em Manica, foram inspeccionados 29 estabelecimentos, tendo sido ordenada a incineração de vários produtos de consumo sem condições de consumo, em hotéis, restaurantes, frescatas e até em rede de supermercados, como a Shoprite. Disse ainda que em vários hotéis eram servidas refeições congeladas, guardadas em sacos plásticos e tigelas, e que muitos produtos frescos não eram separados por espécies. “Recomendamos também investimento no centro social da fábrica da Coca-cola, em Chimoio, por não apresentar as condições exigidas”, disse Ana Freitas, classificando no geral a província de Manica de estar “em condições aceitáveis”. Contudo, Ana Freitas deplorou a massiva presença de menores em clubes nocturnos, para o negócio de sexo, tendo recomendado aos proprietários a respeitar a legislação sobre as restrições de menores de 18 anos.

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