quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Governo de “abutres” sem escrúpulos - 17.07.2013

Governo de “abutres” sem escrúpulos
Por via do Boletim da República, ficámos a saber que os membros do Governo decidiram dividir entre si os impostos dos cidadãos em forma de pensões de reforma. São pensões que, como pode ser visto no artigo sobre a matéria nesta edição, vão até mais de 100 mil meticais por mês, superando um milhão de meticais por ano para cada governante e ex-governante, todos do partido Frelimo, no poder desde 1975. É de lei, sim, mas de uma lei injusta! Uma lei que beneficia a quem governa, a quem gere os impostos dos cidadãos, a quem toma as decisões. Uma lei arquitectada para beneficiar a quem a fez e prejudicar a maioria dos cidadãos. Uma lei feita e implementada por gente sem escrúpulos para beneficiar a eles próprios. Os ministros, vice-ministro e deputados que passam à aposentação, auferindo por isso milhões de meticais por ano, são exactamente eles que em sede do Conselho de Ministros aprovaram as leis que aplicam em seu própria benefício e em sede do Parlamento usando da tal maioria qualificada da Frelimo, as legitimam. Fazem tudo eles! É uma lei feita pelos poderosos para beneficiar os poderosos. Basta lembrar que neste País os professores (que foram professores destes governantes), os enfermeiros, os polícias, os militares, os médicos, para além de auferirem péssimos salários, vão à reforma sem nunca terem sido promovidos ou ver os seus salários melhorados por alegada falta de cabimento orçamental. Mas para os que fazem as leis há sempre provimento! É, entretanto, um autêntico insulto à consciência dos contribuintes pagar reformas milionárias aos governantes e ver que os funcionários que realmente prestam serviços públicos andarem a sofrer. Todos nos lembramos da voz trémula e semblante carregado de dor da enfermeira que nas câmaras de uma das TVs deu o seu testemunho, o testemunho da dor a que está sujeita, ao ver-se ir à reforma ganhando apenas 2.800,00 meticais/mês. Todos nos lembramos das sucessivas vezes que a senhora ministra da Função Pública, Vitória Diogo, com ar de quem está cheia de razão, veio a público justificar a lentidão na promoção da progressão nas carreiras aos funcionários do aparelho do Estado, apontando a falta de fundos como causa. Pura hipocrisia!!! Os fundos só faltam quando é para aumentar os salários do agente da polícia, professor, do enfermeiro, do médico. Quando é para pagar a reforma de Manuel Chang, de José Pacheco, de Alcido Nguenha, de Virgínia Matabele, de Cadmiel Muthemba, de Lucas Chomera, de Castigo Langa, enfim, de nomes sonantes, há sempre cabimento orçamental. Isto expõe a cúpula de mafiosos que nos governam. Caso cari
cato, muito caricato mesmo é o de Manuel Chang, ministro das Finanças, que para passar à reforma voluntária foi o seu vice que assinou o despacho autorizando a reforma. E os demais cidadãos, funcionários do Estado, que não têm esse poder permanecem ganhando salários míseros e os que se aguentam abandonam a função pública para trabalhar no sector privado, nas multinacionais. Nada contra a reforma de quem completou 35 anos a trabalhar para o Estado, mas ou há reforma para todos ou não há reforma. Ou há salário ou pensão justa para todos ou nada há! Esta situação que aqui expomos só pode ser tolerada, não diríamos por um povo pacífico, mas adormecido. Só jovens entorpecidos com cervejas vendidas a preço de banana, com “tentação”, com “Dom Baril’, com “Boss Whisky” podem continuar a trabalhar para pagar impostos que pagam salários de uma cúria de abutres. Não seria exagero todos os moçambicanos que se sentem ofendidos com este “roubo”, boicotarem o pagamento de impostos até que esta situação seja revertida. Não seria exagero apelar para uma manifestação popular pacífica contra este assalto aos contribuintes para que esta gente se demita. O povo tem a sua responsabilidade nisto. É o povo que sustenta este Governo de abutres. O povo precisa de entender que lamentando sem agir, nada irá mudar. Os gananciosos que tomaram o aparelho do Estado vivem à custa do suor de quem trabalha. Nesta edição demonstrámos como estes governantes da Frelimo agem. O exemplo é do ex-ministro do Trabalho, o Sr. Guilherme Luís Mavila, que actualmente aufere quatro salários no mesmo Estado e nas empresas por ele participadas. Enquanto milhares de jovens, formados, deambulam com diplomas nas mãos à procura de emprego, há a quem o Estado paga quatro salários por mês. E que salários!!!! E depois ouvimos “o chefe” a pedir “trabalho e paciência” aos moçambicanos. A pedir para os moçambicanos esperarem até 2018 para sentirem os benefícios dos recursos minerais. Discurso de farsa, discurso de quem come, enche a pança e depois se esconde atrás do casaco e vem a público dizer que “o País está pobre”. De facto, está pobre, mas não de recursos. Está pobre de dirigentes com escrúpulos e de povo capaz de se impor contra uma oligarquia que se instalou a sugar o Estado e a sugar tudo para o bando até não sobrar mais nada! Nós nunca duvidámos disto e sempre dissemos aqui que estes governantes não merecem o mínimo de consideração dos moçambicanos. Alguns podem até ser bons pais, esposos, filhos ou até vizinhos, mas como gestores de bens públicos são uma vergonha: autêntica vergonha! O povo deve dizer basta e por esta cúria de abutres a marchar para fora do poder. (Canal de Moçambique)

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