sexta-feira, 25 de maio de 2018

“Peço perdão a quem se sentiu desconfortável ou desrespeitada”: o pedido de desculpa de Morgan Freeman, acusado de assédio


Morgan Freeman
MARK RALSTON/ GETTY IMAGES

Comunicado surge horas depois de oito mulheres terem denunciado que foram vítimas de assédio sexual

“Nunca foi essa a minha intenção”, “peço perdão”. Nos últimos tempos, o rumo das polémicas tem seguido mais ou menos o mesmo caminho: primeiro uma denúncia, depois aparecem mais, poucas horas depois um comunicado, uma explicação, as desculpas. “Nunca foi essa a minha intenção”, “peço perdão”. Com Morgan Freeman, aconteceu o mesmo. O ator de 80 anos emitiu um comunicado em que pede desculpa se deixou alguém desconfortável com os seu comportamentos.
“Qualquer pessoa que me conheça ou trabalhou comigo sabe que não ofendo ninguém intencionalmente ou faço os outros sentirem-se desconfortáveis intencionalmente. Peço perdão a todos os que se tenham sentido desconfortáveis ou desrespeitados – nunca foi essa a minha intenção”, lê-se na nota enviada pela representante de Freeman às redações.
O pedido de desculpa surgiu pouco tempo após a CNN ter divulgado que oito mulheres foram vítimas de “assédio sexual” ou de “comportamentos inapropriados” por parte do ator. Outras oito mulheres garantiram ainda terem visto atitudes que consideraram ser menos adequadas.
“Tentava levantar-me a saia, perguntava-me se estava a usar roupa interior”, denunciou uma jovem assistente de produção. Havia comentários e toques indesejados: pousava e esfregava a mão pelo fundo das costas da assistente. Apesar das várias tentativas, o ator nunca chegou a levantar-lhe a saia.
Mas este não foi caso único: também durante as filmagens de “Mestres da Ilusão”, em 2012, um membro da produção acusa o ator de a ter assediado sexualmente. “Fazia comentários sobre os nossos corpos… Sabíamos que se ele viesse ao estúdio não podíamos usar nada mais decotado ou algo que mostrasse as pernas, incluindo não usar roupa mais justa”, disse à CNN.

PUBLICIDADE E PRÉMIOS EM CAUSA?

No começo do ano, Freeman foi distinguido com o prémio carreira pela SAG-AFTRA, o sindicato de atores e artistas de televisão e rádio. Agora, em comunicado, citado pela Associated Press, a organização considerou o caso “devastador”.
“Qualquer pessoa acusada tem direito ao devido processo, mas partimos do princípio de acreditar nas corajosas vozes que se chegam à frente para denunciar incidentes de assédio. Tendo em conta que recentemente entregámos a Freeman uma das mais prestigiadas honras da união, vamos rever quais as medidas corretivas a serem tomadas”, refere a nota.
A Visa Canada e autoridade de transportes de Vancouver TransLink também anunciaram que vão suspender os anúncios publicitários a que o ator dá voz, “no seguimento da informação que esta quinta-feira de manhã soubemos através de novas histórias e denúncias”.
Morgan Freeman é mais um nome forte de Hollywood a ser acusado de assédio sexual nos últimos tempos. Desde o final de 2017, com a denúncia de que o produtor Harvey Weinstein teria assediado dezenas de mulheres, várias vítimas têm vindo a público falar sobre o assunto – parte delas sob anonimato. O tema ganhou atenção mediática e deu origem a movimentos como #MeToo e #Time’sUp, que não só lutam pelo fim de situações como esta como pela igualdade de género dentro da indústria cinematográfica.

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